O segredo da investigação é o método.

"O segredo da investigação é o método"

Esta é uma afirmação feita por José Rodrigues dos Santos, jornalista, escritor e professor universitário, em entrevista dada, esta semana à revista Notícias Sábado.


E prossegue: " quando estamos a fazer uma investigação, muitas vezes estamos à procura de alguma coisa. No acto de procurar uma coisa encontramos outra. Eu sou a única pessoa que pode avaliar se essa coisa é pertinente."


As etapas de um processo de investigação, podem conduzir-nos a caminhos diferentes daqueles que tinhamos antecipado e levar-nos até a reavaliar todo o processo desenvolvido até ali.

As etapas de um processo de investigação por vezes, sobrepõe-se umas às outras, misturam-se, fluidificam-se e obrigam-nos a rever posições.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE UM REO


1)   Selecionar um recurso educativo online para avaliar - este recurso deverá estar livremente acessível a qualquer utilizador, sem necessidade de registo ou instalação de software adicional;




DO RECURSO (identificação e descrição do REO)



 “an ideal OER would help every person in the world attain all the education they desire.” (Wiley, September, 27, 2011, 4:22pm)



Que recurso é?



1-Identificação do recurso escolhido

O recurso é um conjunto de episódios em tiras de banda desenhada, sobre o tema da segurança na internet. Está disponibilizado no Portal das Escolas em duas versões; pdf e e-book. Iremos analisar a versão em e-book.

Designação: Tiras Seguranet - Banda desenhada (e-book)




Onde está?


ou


ou


Data de publicação: 5-01-2012

Título do recurso: Tiras de BD SeguraNet – “Tu decides para onde vais”

Entidade coletiva fornecedora do recurso - DGIDC - Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular
URL:
1. http://www.dgidc.min-edu.pt/outrosprojetos/index.php?s=directorio&pid=192#i

Custo
Não

Direito de autor
Sim


Autor: Nelson Martins

Tipo de recurso: e-book publicado no Site Portal das Escolas

Idioma: Português

Destinatários: alunos dos vários níveis de ensino; do 2º ciclo ao secundário

Áreas de Formação: Áreas curriculares não disciplinares ou Disciplina de Aplicações de Informática





2- Descrição do REO

“Um recurso digital na Internet remete-nos não só para a eventual dimensão educativa mas também para a especificidade do suporte e ao mesmo tempo para uma multiplicidade de valências inerentes à Internet” (Ramos et. Al, n/d, p.80)



Como já referimos trata-se de um conjunto de episódios/pequenas histórias engraçadas, em tiras de banda desenhada; mais precisamente 25, uma por página, sobre o tema da segurança na internet. Na primeira página, está escrita uma recomendação pelo autor acerca do que se pretende que aconteça: “ Para ler, pensar, comentar, discutir, partilhar… “. Cada tira/página se ocupa de um assunto: a primeira página conta uma história sobre os utilizadores dos telemóveis que agem de forma descuidada, a segunda página fala sobre o cyberbullying, na terceira, podemos encontrarmo-nos com as consequências de copiar trabalhos da internet e assim sucessivamente de história em história, procurando cobrir, com algum humor, os mais variados comportamentos de risco na utilização da internet.  

 O recurso faz parte do acervo dos recursos do Portal das Escolas e apresenta um símbolo a verde, um v; clicando sobre ele abre-se uma caixa de texto onde se pode ler que os recursos com esta etiqueta foram avaliados por professores especialistas nas respetivas áreas científicas e na avaliação de RED, nas seguintes vertentes: a) erros científicos; b) problemas de caráter linguístico; c) preconceitos ou estereótipos, problemas de género, conteúdos que incitem à violência; d) desrespeito pelo direito de autor e propriedade intelectual. È ainda mencionado que se apesar de tudo, for verificada a existência de algum problema, agradecem que se contate a equipa do Portal das Escolas!

O recurso está em português, é um recurso aberto, ao abrigo de uma licença Creative Commons, como de resto todos os recursos do site, não há necessidade de se registar para aceder, embora o possamos fazer se desejarmos e está disponível em duas versões; e-book e pdf. O Portal das escolas disponibiliza, acerca dele, umas primeiras informações identificativas que compreendem Título, referência, data de publicação, autoria, nome da entidade responsável (DGIDC), uma breve descrição do conteúdo, do contexto e do público-alvo. São também referidos Dados Pedagógicos, Técnicos, Contribuidores e Licenciamento



Justificação da escolha

Ø  a atualidade do tema

Ø  a importância do tema

Ø  o Potencial para sensibilizar a população mais jovem para os perigos da internet

Ø  o Potencial para  promover a  reflexão e o espírito crítico

Ø  Potencial para fomentar soluções inovadoras e criativas para o problema

Ø  a utilidade

Ø  Fácil utilização

Ø  Fácil acesso

Ø  De acordo com os objetivos curriculares

Ø  Potencial para pela sua simplicidade ser facilmente usado em casa e fomentar o envolvimento de toda a família

Ø  Não requer conhecimentos técnicos avançados.

Ø  Pode ser usado por quase todas as pessoas de quase todas as idades

Ø  A versão pdf pode ser descarregada da internet e impressa.

Ø  Potencial para motivar os destinatários



Algumas considerações sobre a adoção deste recurso:

Um e-book de banda desenhada (a BD surge na sequência da imprensa escrita) não é propriamente um recurso muito original em nosso entender, contudo pode ser um recurso a usar, pelos motivos que passarei a expor abaixo:

1. Concentra a atenção no tema e não no suporte, que será familiar para qualquer estudante independentemente do seu “background” cultural.

2. Privilegia uma abordagem bem-humorada de assuntos importantes.

3. É um recurso fácil de utilizar que não exige programas específicos e é de fácil acesso também.

A sua utilização poderá configurar uma aprendizagem mista do tipo cognitivista e sócio-interacionista (Clementina, 2007), por nos parecer que poderá promover uma aprendizagem significativa por recurso a uma ampliação da estrutura cognitiva, incorporando-se as novas ideias, nas que já são do conhecimento do aluno; ou seja, o estudante familiarizado com o formato em que se apresentam os conteúdos, poderá sentir-se mais à vontade para aprofundar melhor os temas propostos.

Por outro lado, de acordo com a recomendação do autor da BD, o debate, a troca de impressões sobre as histórias e até as possíveis experiências dos estudantes sobre os temas, poderão funcionar como formas de estimular aprendizagens e reflexões significativas, através das interações entre os sujeitos, e com os temas descritos no e-book.



___________________________________________________________________



2) Elaborar uma grelha de análise/avaliação original a aplicar ao recurso educativo online escolhido.
Vai encontrar grelhas de avaliação no material disponibilizado que poderão servir como inspiração ou referência, mas não se pretende que construa uma grelha com a mesma dimensão e grau de complexidade.

Construa uma grelha original que seja adequada para avaliar o tipo de recurso educativo online que escolheu. Indique em que grelha ou grelhas se baseou para construir a sua.



DA GRELHA de AVALIAÇÃO



A grelha construída baseou-se nas grelhas consultadas através do Guia de avaliação do ministério da educação do Canadá e da grelha Sacausef.



Avaliar porquê?

Segundo Maria Pinto (2005) as razões estão relacionadas com:

         “Crescimento exponencial de recursos eletrónicos educativos

         Ausência de práticas regulares de avaliação

         Exigência de avaliação e certificação dos recursos educativos

         Preocupações quanto à qualidade pedagógica de muitos recursos 

         Necessidade de credibilidade académica, científica e comercial”

Avaliamos porque é importante saber se estamos a ir na direção que queremos. E como sabemos se o que queremos é o melhor para nós? Se formos crianças ou jovens, pouco daquilo que temos vontade de aprender é aquilo que precisamos aprender ou que outros querem que aprendamos ou sequer sabemos o que queremos. Mas então porque se torna importante aprender coisas que não nos interessam? Porque poderemos prepararmo-nos para um tempo futuro em que se espera que atendamos às nossas necessidades autonomamente.

Avaliar é indissociável de descobrir o que vale mais ou é de maior valor em determinada situação e contexto e que depende dos objetivos fixados, dos intervenientes, do contexto e do tempo para os atingir. Poderemos ainda interrogarmo-nos se o que vale mais agora, terá o mesmo valor daqui a cinco, dez ou 30 anos! O que vale mais e a forma de o alcançar procurará conciliar-se com a idade dos destinatários, o seu meio, as suas motivações, o seu nível de conhecimento, a forma como interagem, os seus estilos de aprendizagem.



Avaliar para quê?

Mas este recurso em particular já foi avaliado por uma equipa do ministério da educação o que em princípio o qualificaria para utilização em contexto educativo. Porque avaliar de novo? Não são do nosso conhecimento que critérios foram usados para o avaliar, além do que, a decisão sobre que recurso usar, também depende do fim para que vai ser usado, de quem o seleciona e a quem se destina, do estilo de ensino/aprendizagem do professor e dos alunos a quem vai servir. 

Avaliar permite ajuizar sobre a qualidade do recurso e melhora-lo se necessário o que se vai repercutir na qualidade da educação no geral.



Avaliar de que modo?

Para avaliar, necessitamos de recorrer a instrumentos de avaliação e, para tal, impõe-se conhecer as caraterísticas “que definem a qualidade dos recursos eletrónicos para poder avaliá-los e utilizá-los” (Pinto, 2005).

A autora avança com os métodos seguintes: Elaboração de lista de verificação e controlo, solicitação das opiniões dos utilizadores e dos especialistas, tudo isto pautado por supervisão e controlo prévios.

Para avaliar, de acordo com Vasco Graça da Equipa de Missão CRIE (2005), é preciso ter em consideração, o rigor científico, a qualidade pedagógica, a Integração curricular, a adequação técnica, a Acessibilidade e a Igualdade quanto ao género.

Por sua vez, Maria Pinto (2005) subdivide a avaliação em seis Dimensões que comportam critérios específicos. São elas: Identificação, Autoridade (QUEM), Conteúdos (QUÊ), Pedagógicos (POR QUÊ), Técnicos (COMO), Funcionais (PARA QUÊ)

Quanto aos critérios de avaliação adotados pelo ministério de educação do Canadá no seu manual de avaliação, eles subdividem-se e integram quatro dimensões ou domínios principais, a saber: Conteúdo, Dimensão Instrucional/Pedagógica, Dimensão Técnica e Dimensão Social. É também referido no manual de avaliação, que a base da adoção destes critérios, foi a intenção de encorajar um olhar crítico detalhado, por parte dos avaliadores, quanto ao recurso a analisar. Modelos de grelhas de avaliação, consoante o tipo de recurso digital a avaliar, são disponibilizadas no âmbito deste manual.



Apresentação da grelha original elaborada, com breve justificação da sua estrutura e dos itens incluídos.



Por influência de tudo o que foi exposto e tendo identificado inicialmente o recurso a avaliar, a grelha de avaliação que elaboramos, compreende quatro domínios principais, incluindo cada um, critérios específicos.

 Os domínios principais considerados são: Conteúdo, Domínio Pedagógico, Domínio Técnico e Domínio de Atitudes e Valores. Pareceu-nos apropriado dividir em quatro dimensões ou domínios, os critérios de avaliação, por termos optado por olhar o recurso como um artefacto que pode ser analisado de várias maneiras. Por isso, começamos por nos focarmos no conteúdo e procurar vê-lo primeiro em si mesmo e depois em relação com elementos exteriores: os objetivos curriculares, os destinatários, o contexto. Repetimos o procedimento para os outros domínios; queremos que o recurso seja capaz de promover da melhor forma, a aprendizagem que desejamos que ocorra, sendo que os resultados poderão ser potenciados pelo modo como o recurso apresenta a informação. Não pudemos deixar de considerar as especificidades técnicas visto que estas podem facilitar ou dificultar o processo educativo e as atitudes e valores subjacentes ao recurso em si mesmo, já que estereótipos de género, preconceitos ou outras situações podem desvirtuar o objetivo educativo.

As respostas a cada um dos critérios estabelecidos para cada domínio são dadas com recurso a uma escala de intensidades, graduada de 0 a 4, em que o zero corresponde à não aplicabilidade daquele critério ao recurso em avaliação, o um corresponde ao nível insatisfatório da aplicação do critério, o dois corresponde ao nível suficiente do critério, o três corresponde ao bom e por último o quatro corresponde ao muito bom da aplicabilidade do critério.

“A good learning resource is a collection of information organized and presented in a way that facilitates learning”  (Evaluating, Selecting, and Managing Learning Resources: A Guide. Ministry of Education. British Columbia. Revised in 2002)

A análise de um recurso educativo, de acordo com o guia acima mencionado, poderá iniciar-se dando atenção às considerações sociais ou, no nosso caso, começando por aplicar os critérios integrados no domínio das atitudes e valores; esta dinâmica poderá servir para excluir numa primeira análise, os recursos que enfermem de estereótipos ou preconceitos, detenham conteúdos que incitem à violência, não respeitem a diversidade ou tenham atitudes negativas face à natureza e ao ambiente. Se tivéssemos cumprido esta orientação já não teríamos selecionado o recurso que escolhemos, porém, somos de opinião que um recurso não tem de ser o melhor dos recursos para ser útil.

Tentando compreender melhor que critérios usar no domínio pedagógico, fomos em busca de esclarecimento:

(Bernstein1990, apud Barros 2005) “a sala de aula não deve ser vista, simplesmente, como um conjunto de indivíduos que ali interagem, mas sim como um contexto específico, historicamente constituído, no qual diversos discursos educacionais ou teorias de ensino circulam e se articulam entre si na construção de uma poderosa realidade para professores e alunos”. (p.7)

Edmondson 1985, apud Barros 2005, defendem que a definição do discurso edagógico deve considerar “se os participantes estão engajados no ato de tentar ensinar e aprender ou no ato de simples comunicação”. (p.12)



Apresentação da Grelha de Avaliação




Escala de respostas para preenchimento da grelha de avaliação:

0-    Não aplicável

1-    Insatisfatório

2-    Suficiente

3-    Bom

4-    Muito Bom



A grelha devidamente preenchida




Avaliação descritiva global do recurso educativo online

(com base na análise expressa na grelha e adicionando outros elementos considerados relevantes)

No domínio do Conteúdo, a avaliação global média é Bom (3), com avaliações individuais para os quatro critérios/parâmetros que vão desde 2 (Suficiente), para o parâmetro A1 até 4 (Muito Bom) para o parâmetro A3. Este domínio é o mais bem classificado de todos, apenas o parâmetro A1 revela na análise do recurso, algumas incorreções relacionadas com repetição do mesmo episódio em duas páginas diferentes, a 3 e a 11, e a possibilidade de atualizar o conceito de cyberbullying para cybermobbing, pelo que se optou por avaliar este parâmetro com Suficiente.

Quanto ao domínio Pedagógico, a avaliação global situa-se entre o Suficiente e o Bom (2,25) pelo facto de não estar previsto no recurso nenhuma forma de avaliação, de não ter sido detetada inovação alguma em termos pedagógicos e ainda de não ser feita qualquer referência no recurso, a atividades preparatórias prévias ou posteriores ao seu uso. Na realidade, a única sugestão de uso, é feita na primeira página, em que Nelson Martins, o autor, indica: “Para ler, pensar, comentar, discutir, partilhar…” pelo que avaliamos com a classificação de Insatisfatória, a ausência destas funcionalidades. A todos os outros parâmetros foi atribuída a classificação de Bom, ainda que o parâmetro B5, grau de clareza, desenvolvimento e síntese dos conceitos saia um pouco “enevoado” em algumas páginas, no que diz respeito à clareza. Pensamos que o nível de comunicação e interação entre os alunos decorrente do uso deste recurso, pode ser alto, pois julgamos, pela nossa experiência em situações similares, que vai gerar troca de impressões/debate ainda que não existam nele mesmo (recurso) elementos interativos. Júlia Tomaz, na sua tese de mestrado, registou efeitos positivos a nível da aprendizagem e da satisfação dos alunos, com a utilização de atividades interativas num recurso digital. O site da Seguranet tem jogos e outras atividades interativas que podem ser usadas pelas escolas e os professores, mas é necessário que a escola e os professores se registem.  

 No domínio Técnico sentimos que o recurso sairia a ganhar se pelo menos tivessem sido indicados alguns endereços eletrónicos de apoio ou sugeridos alguns materiais que complementassem o recurso. Também achamos que podia ser mais apelativo se o formato fosse de vídeo, por exemplo.

Quanto ao Domínio das Atitudes e Valores, verificamos a presença de alguns estereótipos que se traduzem na figura da professora, de óculos e carrapito, na expressão meio “tótó” do pai e algo alheada da mãe e relativamente à equidade de género, na figura da mãe de avental ou a lavar a loiça enquanto o pai aparece a ler o jornal sentado no sofá! Será por o autor ser do género masculino? Acreditamos que não e por este recurso ser uma banda desenhada estas situações pretendem talvez dar um toque humorístico refletindo ao mesmo tempo a realidade de muitas famílias.

Em resumo, apesar da classificação global não ser brilhante, o recurso pode, em nosso entender, ser usado com sucesso, para promover um bom debate e reflexão sobre o tema da segurança na internet, como preventivo de incidentes que acontecem por falta de sensibilização.



  REFERÊNCIAS



Clementina, Adriana (2007). Breve conceituação sobre as teorias de ensino: comportamentalista, cognitivista e construtivista ( Slideshare, publicado em 1-4-2008 ) Disponível em   [http://www.slideshare.net/adrianamosca/teorias-de-ensino-330903]. Consultado em fevereiro



Evaluating, Selecting, and Managing Learning Resources: A Guide. Ministry of Education. British Columbia. Revised in 2002 Dísponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=1734071

Consultado em janeiro 2012

Graça, Vasco (21 de Dezembro de 2005) (Equipa de Missão CRIE) Seminário "Qualidade e Avaliação dos Recursos Educativos na Internet" Disponível em SACAUSEF Consultado em janeiro


Monteiro de Barros, Kasue S. (2005). (Universidade Federal de Pernambuco/CNPq). O Que Há Num Domínio Pedagógico?




Pinto, Maria (21 de Dezembro de 2005) (Universidade de Granada) Seminário "Qualidade e Avaliação dos Recursos Educativos na Internet" Avaliação e qualidade dos recursos electrónicos


Ramos, J.L., Duarte,V.D., Carvalho, J.M., Ferreira, F.M. e Maio,V.M. (n/d). Modelos e práticas de avaliação de recursos educativos digitais. Cadernos SACAUSEF (2), 79-87. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161451_06_CadernoII_p_79_87_JLR_VDT_JMC_FMF_VM.pdf.~

Tomaz, Júlia Maria Caldeira - Efeitos do nível de interactividade num recurso educativo digital [Em linha] : diferenças na satisfação e na aprendizagem. Lisboa : [s.n.], 2011. 76, LXXIX p. Disponível em http://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/1979



Wiley, David (27-09-2011). On OER – Beyond Definitions. Iterating toward openness. [http://opencontent.org/blog/archives/2015]. Consultado em janeiro

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Os aspetos fundamentais da avaliação de Recursos Educativos Online

"I'm calling on our nation's governors and state education chiefs to develop standards and assessments that don't simply measure whether students can fill in a bubble on a test, but whether they possess 21st century skills like problem-solving and critical thinking and entrepreneurship and creativity."
—President Barack Obama, Address to the Hispanic Chamber of Commerce, March 10, 2009
Depois de ter procedido às leituras recomendadas, visualizações de vídeos e outros conteúdos, acedidos em formatos diversos, ocorre-nos pensar que a avaliação de recursos educativos online, não é uma tarefa fácil, até pela sua grande diversidade; trata-se de ajuizar se aqueles ou um qualquer recurso, em particular, vai preencher a necessidade ou necessidades específicas, de quem os vai utilizar, da forma a mais adequada possível.
Parece-nos uma atividade complexa que implica tomar decisões não só relacionadas com conteúdos, mas ainda muitas outras, entre elas, algumas intimamente ligadas aos objetivos que pretendemos que os destinatários atinjam, através desses recursos educativos.
Porém, com a colocação de recursos educativos online, não se pretende simplesmente que se cumpra a diligência de servir bem um determinado público-alvo; ambiciona-se antes servir o maior número de indivíduos, procurando que o recurso seja portador de um mínimo de defeitos.
Esta intenção leva-nos a tomar em consideração que a internet alarga muitíssimo o leque de possíveis clientes, dada a sua presença em qualquer lugar do mundo, desde que estejam asseguradas as condições técnicas e de equipamento, necessárias.
Por tal facto, é forçoso ter presente, os variados estilos de aprendizagem dos potenciais utilizadores, as faixas etárias, questões de igualdade de género, multiculturalismo, competências de motivação e envolvimento, níveis de interação pretendidos, se o recurso vai ser trabalhado em grupo ou individualmente, se o conteúdo é preciso e está cientificamente correto, atualizado e possui o nível de profundidade apropriado, se está bem organizado e estruturado, se os conceitos são suficientemente claros, se o vocabulário técnico e não técnico é apropriado, se o aspeto visual, de volume do som ou de animação é apropriado e um sem fim de requisitos que podem transformar a avaliação e seleção de um recurso educativo online, em um verdadeiro quebra-cabeças!
E embora sejamos de opinião que a seleção de um recurso educativo online, não pode ser feita de ânimo leve, ou não tenhamos acabado de dar expressão a alguns dos itens que constam dos vários formulários de avaliação produzidos pelo Ministério da Educação da British Columbia - Canadá, os quais consideramos, como um trabalho bastante exaustivo que integra os diversos tipos de recursos educativos existentes online, também temos a noção de que, esta não é uma classificação acessível a todos, pois como professores, não conseguimos, no geral, dispor de tanto tempo para avaliar os recursos que, pretendemos de algum modo usar.
Estaremos mais em concordância com Fernando Albuquerque Costa, autor da apresentação, no âmbito do Seminário "Qualidade e Avaliação dos Recursos Educativos na Internet" decorrido a 21 de Dezembro de 2005: A aprendizagem como critério de avaliação de conteúdos educativos on-line, na qual sugere que os resultados da aprendizagem sirvam para aferir se o recurso educativo é apropriado ou não, o que nos parece que leva a uma avaliação empírica pós-utilização e levanta questões quanto ao tempo melhor para proceder a essa mesma avaliação, embora seguramente tenha de existir um escrutínio prévio dos recursos a utilizar.
Costa (2005) também questiona a eficácia dos “conteúdos” disponibilizados on-line na preparação dos alunos e cidadãos “em termos de capacidade de reflexão e de pensamento crítico?” Deparamo-nos com uma interrogação, fundamental para qualquer educador, sobre a orientação que estamos a proporcionar às futuras gerações; mostrar-se-á capaz de responder aos desafios do porvir?
Comungamos igualmente da ideia que se regista abaixo:
Tal como em trabalhos anteriores neste domínio, é conveniente sublinhar, por outro lado, que continuamos fiéis à ideia de que mais importante do que uma avaliação feita por especialistas, que visa fornecer uma classificação final dos produtos analisados, será necessário trabalhar em profundidade com os professores, oferecendo-lhes a oportunidade de serem eles próprios a descobrir e a concluir sobre o valor pedagógico dos conteúdos que vão estando disponíveis. Ajudando-os, dessa forma, a conhecer detalhadamente os produtos disponíveis, a decidir sobre o posterior uso com os seus alunos e a encontrar aí também, um espaço de reflexão determinante na avaliação da qualidade de qualquer tipo de produto - o da qualidade da utilização (Bevan, 1994).(Costa, 2005, p.45)
È claro para nós, que o desconhecimento, por parte dos professores, dos recursos que existem online e ou do modo de melhor os avaliar, em tempo útil, podem condicionar grandemente a sua utilização.
Relativamente à avaliação de software educativo, Fernando Costa (2005), é de opinião que se deve avaliar não só o valor do produto, em si mesmo, mas também o seu “potencial pedagógico” enquanto ferramenta ou meio e as aquisições que proporciona ou seja os resultados.
Já Ana Amélia Amorim de Carvalho, na sua comunicação Indicadores de qualidade de “sites” educativos (n/d), em cadernos SACAUSEF II, reconhece a variabilidade dos critérios e da terminologia utilizados para avaliar recursos na internet (p.64), quase tantos quanto os estudiosos que se dedicaram ao assunto, e propõe que se adopte indicadores de qualidade que assentem em nove dimensões, cada uma delas subdividida em várias alíneas, a saber: a identidade do site, a usabilidade, a rapidez de acesso, os níveis de interatividade, a informação, as atividades, a edição colaborativa online, o espaço de partilha e a comunicação. (n/d, pp. 70-76)
Quanto a João Miguel Neves (n/d), da Associação Nacional para o Software Livre (ANSOL), o problema não é tanto acerca dos meios utilizados e sua avaliação, quer se relacionem com recursos educativos online ou outros, mas sim os efeitos que pretendemos que produzam:
Aprendi o suficiente da utilização de computadores em ambiente escolar para saber, que na grande maioria dos casos, o computador e as calculadoras devem ficar à porta da sala de aula. Mas o modelo do software livre e a sua utilização bem enquadrada pode ser uma ferramenta para pais e professores garantirem novas gerações mais responsáveis, competentes e empreendedoras.(p.20)
Ramos, J.L.; Duarte, V.D.; Carvalho, J.M.; Ferreira, F.M. e Maio (n/d) asseveram que:
os sistemas de avaliação e certificação de recursos didácticos podem proporcionar benefícios importantes à comunidade em geral e à comunidade educativa em particular. Estes benefícios explicarão, em grande parte, a existência deste tipo de sistemas em vários países do mundo. Uns de iniciativa pública, outros de iniciativa privada mas todos com a mesma preocupação: assegurar tanto quanto possível a qualidade dos recursos digitais disponíveis na Internet que podem ser usados pelos estudantes, pelos professores, pela Escola e pelas famílias.(p.86)
A existência de sistemas de avaliação e certificação de recursos educativos online ou não, é, em nosso entender, um benefício que pode facilitar o trabalho dos professores, fornecendo garantias da qualidade do produto e permitindo assim uma seleção mais rápida e apesar de, segundo HØjsholt-Poulsen (n/d, p.27), não existirem certezas quanto ao impacto que os recursos educativos digitais têm, ao nível da inovação, e ao valor pedagógico das tecnologias da informação na educação, queremos acreditar que os seus efeitos no ensino são positivos.
Julgamos que o que está em causa é a obtenção da melhor preparação possível por parte dos estudantes/ aprendizes de modo a tirarem o maior partido possível das aprendizagens feitas e a fazer. E porque desejamos isso? Porque potenciar resultados tem implicações/consequências nas ações dos visados e tem poder para transformar mentalidades e comportamentos, transformando em última análise, a sociedade em geral.
Referências
Carvalho, A. (n/d). Indicadores de qualidade de “sites” educativos. Cadernos SACAUSEF(2). 55-78 Universidade do Minho. Recuperado de http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161429_05_CadernoII_p_55_78_AAAC.pdf Consultado em janeiro 2012
Costa, F. (2005). A aprendizagem como critério de avaliação de conteúdos educativos on-line. Cadernos SACAUSEF(2), 45-54. Universidade de Lisboa. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161396_04_CadernoII_p_45_54_FAC.pdf Consultado em janeiro 2012
Costa, F. (2005). Avaliação de software educativo: Ensinem-me a pescar! Cadernos SACAUSEF(2), 46-53. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1186584598_Cadernos_SACAUSEF_46_53.pdf Consultado em janeiro 2012
Evaluating, Selecting, and Managing Learning Resources: A Guide. Ministry of Education. British Columbia. Revised in 2002 Diaponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=1734071 Consultado em janeiro 2012.
HØjsholt-Poulsen, L.(n/d). Educational Repositories: Looking for European Sucesses. Cadernos SACAUSEF(V), 33-38. Dsiponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1262962349_CadernosSACAUSEF_V_LHP_pag33a38_EN.pdf Consultado em janeiro 2012
Neves, J. (n/d). SOFTWARE LIVRE NA EDUCAÇÃO (Cap II). Cadernos SACAUSEF(IV), 19-20. Disponível http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1223032792_04_a_SACAUSEF_IV_19a20.pdf
Ramos, J.L., Duarte,V.D., Carvalho, J.M., Ferreira, F.M. e Maio,V.M. (n/d). Modelos e práticas de avaliação de recursos educativos digitais. Cadernos SACAUSEF (2), 79-87. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161451_06_CadernoII_p_79_87_JLR_VDT_JMC_FMF_VM.pdf

domingo, 18 de dezembro de 2011

Recursos Educativos Abertos Online

Seleção de dois Recursos Educativos Abertos Online
 

1º Recurso Educativo aberto

O primeiro REA é retirado do site Associação Ensino Livre ligado ao conceito de escolas livres ou seja, escolas que utilizam software livre, o que quer dizer sem custos e devidamente licenciado, e faz parte de um repositório de simulações interativas de física, biologia, ciências da terra e matemática, promovido pela Universidade do Colorado, com a designação  PhET (do inglês, Physics Education Technology)

Pode ser consultado em:


 

Ou clicando diretamente no link abaixo:

Kit de Construção de Circuitos AC/DC (Circuit Construction Kit AC+DC)



Critérios de escolha Gerais

 

·         A Associação Ensino Livre é uma associação Portuguesa que se dedica à divulgação de software livre e conteúdos livres o que permite que as escolas portuguesas, professores, alunos e outros agentes educativos, possam utilizar, gratuitamente e devidamente licenciados, estes bens, a maioria traduzidos para Português( embora seja Português do Brasil) e não o estando, oferece a possibilidade de o solicitarmos através de um formulário.

·         A associação disponibiliza ainda aconselhamento sobre os recursos fornecidos, faz desenvolvimento dos mesmos, promove ações pedagógicos juntos dos interessados e organiza encontros e conferências.

·         Este tipo de dinâmica permite às escolas poupar dinheiro que evidentemente é sempre pouco e pode ser canalizado para outras necessidades e potencia benefícios para alunos e professores tornando a aprendizagem mais apelativa.   

  

Critérios de escolha Específicos



·         O recurso está em Português

·         O recurso tem qualidade

·         É apelativo em termos gráficos e de imagem

·         Permite a interatividade

·         Permite várias formas de simulação, esquemática e real

·         Permite ligar a teoria e a prática o que considero extremamente importante pois ao simular uma situação real pode-se antever as dificuldades com que nos iremos defrontar e resolvê-las mais facilmente

·         Evita danificar material na prática porque o aluno pode experimentar por tentativa e erro sem queimar nada e sem risco de sofrer danos ele mesmo

·         É seguro, isto é, não tem risco para o aluno e não necessita da supervisão constante do professor.




 Para melhor ilustrar mais algumas possibilidades deste repositório segue-se um excerto copiado da página da própria associação ensino livre e que permite aceder a outros conteúdos que não o que selecionei :

PhET - simulações interactivas sobre física, biologia, ciências da terra e matemática


·         Biologia

·         Ciências da Terra

·         Física

·         Matemática



Da área da Física e mais especificamente da Eletricidade, também copiada do site da associação:

Nada melhor do que explorar para descobrir as simulações mais interessantes para si. A imagem seguinte é uma captura de ecrã do programa de construção de circuitos disponível no PhET, que ilustra o tipo de actividades que poderá encontrar.



As aplicações presentes no repositório estão disponíveis em Java e Flash sendo que o código-fonte é todo ele publicado mediante uma licença de software livre, neste caso a habitual GPL. Existem ainda no sítio do PhET diversas actividades pensadas para as simulações, partilhadas por diversos professores (em inglês). Os níveis de dificuldade atravessam todos os graus de ensino.

Disponíveis em Português (do Brasil)





Planificação

Destinatários

Alunos do Curso de Educação e Formação de Jovens -  Eletromecânico de refrigeração e Climatização- Nível II

Objetivos

·         Pretende-se que os alunos aprendam:
 
·         Conceitos Básicos sobre circuitos elétricos

·         A Lei de Ohm.



Competências

Espera-se que os alunos no final desta experimentação interativa adquiram os conhecimentos necessários e fiquem aptos a:

·         Montar um circuito elétrico simples

·         Fazer medições de intensidade de corrente inserindo adequadamente o aparelho de medida no circuito (amperímetro)

·         Fazer medições de tensão inserindo adequadamente o aparelho de medida no circuito (Voltímetro)
 

 Conteúdos

·         Noção de resistência

·         Noção de Diferença de potencial

·         Noção de Intensidade de corrente

·         Lei de Ohm

·         Direção da variação das grandezas envolvidas e sua interdependência




Metodologias

·         Trabalho a pares

·         Trabalho individual


Avaliação

·         - Observação direta pelo professor da montagem de um circuito simples na prática.

·         - Webquizz
 

Duração

·         3 tempos letivos de 45 minutos divididos em um bloco de 90 minutos para a simulação e conclusões e em de 45 minutos para montar em contexto real.  
 

Adaptações a fazer:

Nenhuma, o recurso é suficientemente completo e apelativo.



2º Recurso Educativo aberto


Critérios de escolha Gerais e Específicos



Este  REA está dentro do site abaixo indicado que foi um site construí do por mim, para a unidade curricular de Sistemas de Informação e Internet, pelo que decidi aproveitar este recurso que elaborei com outros objetivos, fazendo uma reutilização do mesmo em outro contexto e com uma finalidade diferente da inicialmente pensada; trata-se do conteúdo identificado como exercício-formativo 3-b e que foi de fato utilizado no terreno, com uma turma de alunos do ensino noturno de Eletricistas de Instalações estando de acordo com o currículo do curso, reconhecido pela ANQ.



ou



Planificação

Destinatários

Alunos do Curso Noturno de Educação e Formação de Adultos de Eletricista de Instalações- Nível II

Objetivos

Pretende-se que os alunos aprendam a:

·          Instalar um motor trifásico com inversor de marcha

·          Saibam utilizar como orientação os esquemas de comando e de potência fornecidos

·          Selecionem o material e as ferramentas apropriadas

·          Após a montagem e cuidadosa verificação de todas as ligações procedam ao ensaio na presença do professor.



Competências

Espera-se que os alunos no final deste trabalho adquiram os conhecimentos necessários e fiquem aptos a:

·         instalar motores trifásicos com inversor de marcha a partir dos esquemas elétricos adequados.

·         selecionar o material e as ferramentas apropriadosanalisar se cada componente está ou não corretamente montado-exercer o espírito crítico sobre o funcionamento da instalação, avalia-la no seu todo e detetar avarias se e quando ocorrerem.



 Conteúdos

·         Automatismos

·         Sistemas de potência

·         sistemas de comando

·         Lei de joule

·         Trabalho e energia



Metodologias

- trabalho de grupo

Avaliação

·          Observação pelo professor do ensaio do motor

·          Questionamento sobre os procedimentos

·          Relatório sobre todas as fases da montagem e dificuldades sentidas.



Duração

3 blocos de 90 minutos


Adaptações a fazer:

De fato utilizaria uma abordagem mais centrada nos alunos

·         Acrescentaria uma simulação prévia da montagem, se possível, porque pouparia tempo e diminuiria o risco de que os alunos pudessem danificar o material por uso menos correto ou ligações mal feitas.

·         Solicitaria que os alunos fotografassem ou filmassem a instalação do motor trifásico com inversão de marcha e que colocassem online, por exemplo

·         Poderia também solicitar que gravassem um ficheiro de áudio ou de vídeo a contar como se tinha desenvolvido o trabalho e como tinham ultrapassado os problemas que foram surgindo ao longo da montagem.