O segredo da investigação é o método.

"O segredo da investigação é o método"

Esta é uma afirmação feita por José Rodrigues dos Santos, jornalista, escritor e professor universitário, em entrevista dada, esta semana à revista Notícias Sábado.


E prossegue: " quando estamos a fazer uma investigação, muitas vezes estamos à procura de alguma coisa. No acto de procurar uma coisa encontramos outra. Eu sou a única pessoa que pode avaliar se essa coisa é pertinente."


As etapas de um processo de investigação, podem conduzir-nos a caminhos diferentes daqueles que tinhamos antecipado e levar-nos até a reavaliar todo o processo desenvolvido até ali.

As etapas de um processo de investigação por vezes, sobrepõe-se umas às outras, misturam-se, fluidificam-se e obrigam-nos a rever posições.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Os aspetos fundamentais da avaliação de Recursos Educativos Online

"I'm calling on our nation's governors and state education chiefs to develop standards and assessments that don't simply measure whether students can fill in a bubble on a test, but whether they possess 21st century skills like problem-solving and critical thinking and entrepreneurship and creativity."
—President Barack Obama, Address to the Hispanic Chamber of Commerce, March 10, 2009
Depois de ter procedido às leituras recomendadas, visualizações de vídeos e outros conteúdos, acedidos em formatos diversos, ocorre-nos pensar que a avaliação de recursos educativos online, não é uma tarefa fácil, até pela sua grande diversidade; trata-se de ajuizar se aqueles ou um qualquer recurso, em particular, vai preencher a necessidade ou necessidades específicas, de quem os vai utilizar, da forma a mais adequada possível.
Parece-nos uma atividade complexa que implica tomar decisões não só relacionadas com conteúdos, mas ainda muitas outras, entre elas, algumas intimamente ligadas aos objetivos que pretendemos que os destinatários atinjam, através desses recursos educativos.
Porém, com a colocação de recursos educativos online, não se pretende simplesmente que se cumpra a diligência de servir bem um determinado público-alvo; ambiciona-se antes servir o maior número de indivíduos, procurando que o recurso seja portador de um mínimo de defeitos.
Esta intenção leva-nos a tomar em consideração que a internet alarga muitíssimo o leque de possíveis clientes, dada a sua presença em qualquer lugar do mundo, desde que estejam asseguradas as condições técnicas e de equipamento, necessárias.
Por tal facto, é forçoso ter presente, os variados estilos de aprendizagem dos potenciais utilizadores, as faixas etárias, questões de igualdade de género, multiculturalismo, competências de motivação e envolvimento, níveis de interação pretendidos, se o recurso vai ser trabalhado em grupo ou individualmente, se o conteúdo é preciso e está cientificamente correto, atualizado e possui o nível de profundidade apropriado, se está bem organizado e estruturado, se os conceitos são suficientemente claros, se o vocabulário técnico e não técnico é apropriado, se o aspeto visual, de volume do som ou de animação é apropriado e um sem fim de requisitos que podem transformar a avaliação e seleção de um recurso educativo online, em um verdadeiro quebra-cabeças!
E embora sejamos de opinião que a seleção de um recurso educativo online, não pode ser feita de ânimo leve, ou não tenhamos acabado de dar expressão a alguns dos itens que constam dos vários formulários de avaliação produzidos pelo Ministério da Educação da British Columbia - Canadá, os quais consideramos, como um trabalho bastante exaustivo que integra os diversos tipos de recursos educativos existentes online, também temos a noção de que, esta não é uma classificação acessível a todos, pois como professores, não conseguimos, no geral, dispor de tanto tempo para avaliar os recursos que, pretendemos de algum modo usar.
Estaremos mais em concordância com Fernando Albuquerque Costa, autor da apresentação, no âmbito do Seminário "Qualidade e Avaliação dos Recursos Educativos na Internet" decorrido a 21 de Dezembro de 2005: A aprendizagem como critério de avaliação de conteúdos educativos on-line, na qual sugere que os resultados da aprendizagem sirvam para aferir se o recurso educativo é apropriado ou não, o que nos parece que leva a uma avaliação empírica pós-utilização e levanta questões quanto ao tempo melhor para proceder a essa mesma avaliação, embora seguramente tenha de existir um escrutínio prévio dos recursos a utilizar.
Costa (2005) também questiona a eficácia dos “conteúdos” disponibilizados on-line na preparação dos alunos e cidadãos “em termos de capacidade de reflexão e de pensamento crítico?” Deparamo-nos com uma interrogação, fundamental para qualquer educador, sobre a orientação que estamos a proporcionar às futuras gerações; mostrar-se-á capaz de responder aos desafios do porvir?
Comungamos igualmente da ideia que se regista abaixo:
Tal como em trabalhos anteriores neste domínio, é conveniente sublinhar, por outro lado, que continuamos fiéis à ideia de que mais importante do que uma avaliação feita por especialistas, que visa fornecer uma classificação final dos produtos analisados, será necessário trabalhar em profundidade com os professores, oferecendo-lhes a oportunidade de serem eles próprios a descobrir e a concluir sobre o valor pedagógico dos conteúdos que vão estando disponíveis. Ajudando-os, dessa forma, a conhecer detalhadamente os produtos disponíveis, a decidir sobre o posterior uso com os seus alunos e a encontrar aí também, um espaço de reflexão determinante na avaliação da qualidade de qualquer tipo de produto - o da qualidade da utilização (Bevan, 1994).(Costa, 2005, p.45)
È claro para nós, que o desconhecimento, por parte dos professores, dos recursos que existem online e ou do modo de melhor os avaliar, em tempo útil, podem condicionar grandemente a sua utilização.
Relativamente à avaliação de software educativo, Fernando Costa (2005), é de opinião que se deve avaliar não só o valor do produto, em si mesmo, mas também o seu “potencial pedagógico” enquanto ferramenta ou meio e as aquisições que proporciona ou seja os resultados.
Já Ana Amélia Amorim de Carvalho, na sua comunicação Indicadores de qualidade de “sites” educativos (n/d), em cadernos SACAUSEF II, reconhece a variabilidade dos critérios e da terminologia utilizados para avaliar recursos na internet (p.64), quase tantos quanto os estudiosos que se dedicaram ao assunto, e propõe que se adopte indicadores de qualidade que assentem em nove dimensões, cada uma delas subdividida em várias alíneas, a saber: a identidade do site, a usabilidade, a rapidez de acesso, os níveis de interatividade, a informação, as atividades, a edição colaborativa online, o espaço de partilha e a comunicação. (n/d, pp. 70-76)
Quanto a João Miguel Neves (n/d), da Associação Nacional para o Software Livre (ANSOL), o problema não é tanto acerca dos meios utilizados e sua avaliação, quer se relacionem com recursos educativos online ou outros, mas sim os efeitos que pretendemos que produzam:
Aprendi o suficiente da utilização de computadores em ambiente escolar para saber, que na grande maioria dos casos, o computador e as calculadoras devem ficar à porta da sala de aula. Mas o modelo do software livre e a sua utilização bem enquadrada pode ser uma ferramenta para pais e professores garantirem novas gerações mais responsáveis, competentes e empreendedoras.(p.20)
Ramos, J.L.; Duarte, V.D.; Carvalho, J.M.; Ferreira, F.M. e Maio (n/d) asseveram que:
os sistemas de avaliação e certificação de recursos didácticos podem proporcionar benefícios importantes à comunidade em geral e à comunidade educativa em particular. Estes benefícios explicarão, em grande parte, a existência deste tipo de sistemas em vários países do mundo. Uns de iniciativa pública, outros de iniciativa privada mas todos com a mesma preocupação: assegurar tanto quanto possível a qualidade dos recursos digitais disponíveis na Internet que podem ser usados pelos estudantes, pelos professores, pela Escola e pelas famílias.(p.86)
A existência de sistemas de avaliação e certificação de recursos educativos online ou não, é, em nosso entender, um benefício que pode facilitar o trabalho dos professores, fornecendo garantias da qualidade do produto e permitindo assim uma seleção mais rápida e apesar de, segundo HØjsholt-Poulsen (n/d, p.27), não existirem certezas quanto ao impacto que os recursos educativos digitais têm, ao nível da inovação, e ao valor pedagógico das tecnologias da informação na educação, queremos acreditar que os seus efeitos no ensino são positivos.
Julgamos que o que está em causa é a obtenção da melhor preparação possível por parte dos estudantes/ aprendizes de modo a tirarem o maior partido possível das aprendizagens feitas e a fazer. E porque desejamos isso? Porque potenciar resultados tem implicações/consequências nas ações dos visados e tem poder para transformar mentalidades e comportamentos, transformando em última análise, a sociedade em geral.
Referências
Carvalho, A. (n/d). Indicadores de qualidade de “sites” educativos. Cadernos SACAUSEF(2). 55-78 Universidade do Minho. Recuperado de http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161429_05_CadernoII_p_55_78_AAAC.pdf Consultado em janeiro 2012
Costa, F. (2005). A aprendizagem como critério de avaliação de conteúdos educativos on-line. Cadernos SACAUSEF(2), 45-54. Universidade de Lisboa. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161396_04_CadernoII_p_45_54_FAC.pdf Consultado em janeiro 2012
Costa, F. (2005). Avaliação de software educativo: Ensinem-me a pescar! Cadernos SACAUSEF(2), 46-53. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1186584598_Cadernos_SACAUSEF_46_53.pdf Consultado em janeiro 2012
Evaluating, Selecting, and Managing Learning Resources: A Guide. Ministry of Education. British Columbia. Revised in 2002 Diaponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=1734071 Consultado em janeiro 2012.
HØjsholt-Poulsen, L.(n/d). Educational Repositories: Looking for European Sucesses. Cadernos SACAUSEF(V), 33-38. Dsiponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1262962349_CadernosSACAUSEF_V_LHP_pag33a38_EN.pdf Consultado em janeiro 2012
Neves, J. (n/d). SOFTWARE LIVRE NA EDUCAÇÃO (Cap II). Cadernos SACAUSEF(IV), 19-20. Disponível http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1223032792_04_a_SACAUSEF_IV_19a20.pdf
Ramos, J.L., Duarte,V.D., Carvalho, J.M., Ferreira, F.M. e Maio,V.M. (n/d). Modelos e práticas de avaliação de recursos educativos digitais. Cadernos SACAUSEF (2), 79-87. Disponível em http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1210161451_06_CadernoII_p_79_87_JLR_VDT_JMC_FMF_VM.pdf